sexta-feira, 30 de julho de 2010

Você tem orgulho do seu bagulho?

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Por Airton Soares

VOCÊ TEM ORGULHO DO SEU BAGULHO?
Deveria ter! Bagulho é o que há de melhor. É essência. É princípio de vida. É semente. E hoje, mais do que nunca, as sementes, as cascas das frutas e de legumes estão em alta. Aproveita-se de tudo. Até o talo... literalmente.

LÁ EM CASA TENHO RECEITA
de um suflê de talos de alface. Peguei com o pessoal do SESC, do projeto Mesa Brasil. Delícia.

E O PRECONCEITO?
Terrível! Excetuando os “farofeiros”, você já viu alguém comendo banana na praia? É maçã, meu amigo! Maçã tem charme... sedução. Banana, não. “Você é um banana”- não vale nada.

HOJE VALE MUITO
Preço lá em cima, mas o símbolo pejorativo prevalece. Pois eu escolho... escolho... no super... (quando não consigo trazê-las dos sítios da família ou de amigos), lavo bem lavadinha (se pluralizar perde a força da frase)... pego mel de abelha ou açúcar mascavo, uma colher de sopa de farinha de sementes de jerimum (feita por mim)... boto no liquidificador com casca, trema e tudo e... ande tônha!

AGORA ENTENDI
porque no dicionário o vocábulo bagulho quer dizer objeto sem valor. Só não entendi esta acepção: Aquilo que é fruto de roubo ou furto. Ah, sim, ia esquecendo: Bagulho também é um pacote de maconha ou outra droga ilegal que, por sinal, vale pra dedéu. Infelizmente.

DISSE ONÁRIO
que bagulho – denotativamente - é a semente da uva ou de outros frutos contida no bago. Bacana, né?

Onário disse e Ednardo Gadelha vivenciou

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Por Airton Soares

Piá é uma palavra originária do tupi-guarani significando, menino, índio jovem. Lá pras banda de Curitiba, usa-se com frequência a expressão “piá de prédio” como sinônimo de garoto, moleque.

É um modo pejorativo para se referir a jovens que são criados em “pombais”, digo: condomínios fechados e são mimados pelos pais.

Confirma o amigo e revisor dos meus textos (crônicas e assemelhados), o prof. Ednardo Gadelha. Ele fez seu mestrado ( de Linguistica ) em “Floripa” Santa Catarina e teve oportunidade de sorver um pouco da cultura de lá... (AS)

Senhor prefeito, se ainda não fez, então FAÇA!

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Por Airton Soares

Prefeitura que se preza tem de fazer. Acabei de dizer uma banalidade. Nenhuma novidade nessa frase, mas as “feituras” precisam ser executadas antes que uma possível tragédia aconteça. Estar sempre à frente [proatividade] dos problemas de saúde, segurança, educação e... tudo mais, é dever de todo prefeito. Não poderia ser diferente. Esta palavra vem do Latim PRAE, "antes, à frente" e FACERE, "fazer". Assim se formou o verbo PRAEFICERE, "colocar à frente de".

Segundo os dicionários, a pessoa que recebia este cargo era "colocada à frente" do comando de certas instituições ou grupos.

Por exemplo, havia o PRAEFECTUS EQUITUM, o general de cavalaria; o PRAEFECTUS LEGIONIS, o comandante de uma legião.

E “Pra Não Dizer Que Não Falei [amos] Das Flores”, que pensamos só em tão altos cargos, o PRAEFECTUS FABRUM, era o capataz da fábrica, entre muitos outros.

Desta forma, PRAEFECTUS tinha o sentido geral de "administrador, comandante, agente de mando, de governo". Em nossos dias, é a autoridade maior de um município, mas existem também prefeitos universitários e eclesiásticos.

Inspirado no site Origem das Palavras


segunda-feira, 5 de julho de 2010

Titanic

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Por Airton Soares

LEIA! VOCÊ PRECISA SABER! FRASE COMOVENTE! Nada de arroubos filosóficos – muito pelo contrário – é frase comezinha, mas estou convicto de que você concordará comigo. Erma Bombeck, autora da citação, vai direto à medula dos nossos medos.

. . . . . . .Ela nos instiga a aproveitarmos todas as delícias que a vida nos oferta; não desperdiçar nada, nem sequer um pirulito, porque de repente... “Aproveite o momento. Lembre-se de todas aquelas pessoas do Titanic que recusaram a sobremesa.”

COMO SE PODE CONSTATAR, nada de frase açucarada ou de estilo rococó. Simples, direta, profunda, comovente e, não resta dúvida, o substantivo “Titanic” foi o desencadeador de toda essa “comovência”. Quando lemos “Titanic”- incontinenti - nosso circuito neural nos remete a um dos naufrágios mais drásticos que o século XX conheceu.

QUERO NEM FALAR! DÁ FRIO NA ESPINHA só em pensar naqueles olhos de bila, engelecendo na amplidão de um oceano indiferente, abissal , trevoso e angustiante!

AO EMPREGAR A PALAVRA “TITANIC”, Bombeck se utilizou – consciente ou não - de uma função da linguagem bastante usada quando desejamos acordar emoções e/ou persuadir alguém: função conativa ou apelativa. Foi o que tentei fazer ao iniciar esta crônica.

CÁ PRA NÓS, quando leio estas frases (sou um incorrigível colecionador) choro; dou gargalhadas; fico ensimesmado; às vezes bate revolta; quero saber um pouco da vida do autor; contexto histórico e tererei... tererei... Enfim, curto-as todas ao sabor das circunstâncias.

TAMBÉM PRECISO DIZER que a maioria delas ainda está no âmbito do meu conhecimento (apenas as tenho na memória). Falta conhecê-las (Incorporá-las ao meu juízo). Isto requer mudança de atitude e comportamento e, para tal propósito, leva-se toda uma vida terrena.

Terra à vista!

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Ô catinga!

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Por Airton Soares


"Chorava à noite, em segredo, no dormitório; mas colhia as lágrimas numa taça, como fazem os mártires das estampas bentas, e oferecia ao Céu, em remissão dos meus pobres pecados, com as notas más boiando." (Raul Pompéia, O Ateneu, pp. 73-74.)


PRIMÁRIO. AULA DE GEOGRAFIA. AS CAATINGAS DO NORDESTE. Lá pro meio da aula, dou-me conta de que bocejava contorcendo-me de enfado sobre a velha carteira da escola. De súbito, ao escutar a palavra caatinga, levo as mãos à boca fazendo trejeitos de fedor. O coleguinha do lado ri e segue-me nos gestos.

NOSSO PRÊMIO: meia hora de pé com os braços abertos de frente pra classe. Cinquenta anos.... Cinquenta! E esta cena ainda vive cá dentro do meu juízo. Vive sem mágoas, mas lamentando o modelo de educação da época.

O PROFESSOR MARQUES bem que poderia sutilmente ter chegado de mansinho... pé ante pé - dissimulando sua irritação - e...: "muito bem crianças! O gesto que vocês acabam de fazer trata-se de outra maneira de entender a palavra caatinga. A isto chamamos de palavras homônimas homófonas. E terei... terei..." Não com estas palavras, naturalmente, como diria Fonsequinha, personagem do 'Zorra Total´, mas respeitando nossa idade e falando a nossa língua, claro!

O ACONTECIDO não minguou, mas retardou - e muito - meu pendor artístico e outras inteligências inerentes ao ser humano.

MAS QUER SABER: o que marcou. Marcou mesmo, foi o semblante de decepção estampado no rosto da minha paquerinha.

NOVOS TEMPOS! O aluno é quem manda na classe. Às vezes, até bate no professor quando não o ameaça de morte. Hoje, a ambiência é inversa a do Ateneu, mas igualmente perversa. Lição fatal. Ponto final. Hora do recreeeeio!

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